POLIORCÉTICA
A lição da muralha de Ávila para uma nova guerra
Uma das mais lindas ciências
auxiliares de guerra, a poliorcética provavelmente é uma das mais desconhecidas
artes militares, em relação ao público civil. Graças a essa imensa área do
conhecimento, temos infinitos estudos práticos sobre cercos e ataques às praças
(castelos, fortes, cidades etc), assim como a defesa dessas fortificações – a
antipoliorcética.
Um dos gigantes ibéricos, a Muralha de Ávila tem um dos melhores estados de conservação, dentre todas as construções militares europeias – fato que permite conhecer a fundo a arquitetura militar defensiva romana e observar a importância dessa arte para a formação da cultura ocidental.
Ao todo, o monumento tem mais
de oitenta torres, nove portas, dois mil e quinhentos postos de defesa
(aproximadamente um posto a cada metro), mais de três metros de espessura
e doze metros de altura. Toda essa magnitude, distribuída em uma forma
retangular, aproveitando os acidentes do terreno.
Durante a noite, o clima de montanha e as luzes sobre o granito escuro geram uma atmosfera mística surpreendente. Não espanta que santos e doutores da Igreja tenham frequentado esse lugar, até hoje um importante ponto de peregrinação cristã.
Diante desses dados, pensemos
com calma sobre a importância social da muralha. Os autores marxistas,
apaixonados por polarizações, dizem que ela separava o campo e a cidade, ricos
e pobres, opunha o desconforto da pradaria ao luxo citadino.
Essa, entretanto, não é a
única visão possível – embora o dualismo seja amplamente divulgado e empurrado
em nossas crianças, desde a mais tenra idade.
Omitem esses autores, que a construção tinha várias pequenas passagens, que conectavam os palácios seculares da região, assim como o arcebispado. Ou seja, antes de ser útil na guerra, a muralha era extremamente importante em tempos de paz, pois garantia a conexão segura entre lugares razoavelmente afastados. Uma ligação discreta e demasiadamente efetiva, capaz de permitir acordos entre líderes locais, diplomacia e a efetiva coesão social, ao manter a cidade permeável apenas para os vários grupos amigos.
A Muralha de Ávila nos deixa várias lições sobre a vida em sociedade: a proteção mútua, a confiança, a coesão. Atenção sempre: qualquer rompimento desses valores, conduz ao fracasso social.
Renato Gomes - ESTÁ CHEGANDO A HORA DE A ONÇA BEBER ÁGUA...
SILVIO MUNHOZ - A CARTINHA E O ENDEREÇO ERRADO.
ÉRIKA FIGUEIREDO - UMA REPÚBLICA ITALIANA
ADRIANO MARREIROS - REPÚBLICA DEMOCRÁTICA ALEMÃ E OUTRAS “DEMOCRACIAS”...