ALTA CULTURA NA CIDADE DAS ÁGUAS
IV FESTIVAL DE MÚSICA DE PARAGUAÇU PAULISTA
INTRODUÇÃO
Entre os dias 01 e 05 de dezembro de
2021, ocorreu a quarta edição do FEMUSPP, Festival de Música de Paraguaçu
Paulista, cidade do interior de São Paulo já próxima do estado do Paraná.
Eu tive a oportunidade de estar no
FEMUSPP pela segunda edição seguida, já que estive lá também em 2019 (a edição
de 2020 foi cancelada por conta da pandemia).
Esse tipo de evento é sempre uma
oportunidade de se encontrar pessoas que pensam a vida, a Cultura e a arte como
eu. Tidos como idealistas ou até mesmo um pouco malucas por aqueles que só
enxergam o lado materialista e econômico da vida, essas pessoas têm uma visão
aguçada sobre educação, políticas públicas e de nação, pois possuem o
refinamento intelectual, filosófico e espiritual para isso.
Eu cheguei a Paraguaçu no dia 30 de
novembro e tive a oportunidade de já encontrar alguns velhos amigos, como o
editor audiovisual Israel Mattos, a professora Leila Santos e o músico e
pesquisador Roberto Kalili, que também escreve neste espaço, com sua sempre
amável esposa Solimar. Já nesta primeira noite, eu escrevi, a pedido do Maestro
Dante Mantovani e de seu sempre fiel assistente Samuel Nascimento, um texto em
homenagem ao nosso amigo em comum, o genial professor Eloi Veit, que esteve na
edição de 2019 do festival e infelizmente nos deixou pouco tempo depois. Eu
recitei esse texto na penúltima noite do festival.
O INÍCIO DO FESTIVAL
O IV FEMUSPP teve início
oficialmente na manhã seguinte, com uma palestra de Roberto Kalili sobre Alta
Cultura e a importância do resgate cultural da tradição musical brasileira, e
de como isso pode ser feito pelos músicos que devem estudar e gravar partituras
importantes de nossos compositores que ainda permanecem inéditas.
Após a palestra, foram iniciadas as
oficinas de instrumentos e de regência orquestral.
Uma curiosidade sobre esta edição do
festival reside no uso inédito do Teatro Lucila Nascimento, que esteve em
reforma durante as edições anteriores.
SOLENIDADE DE ABERTURA: A PRIMEIRA
NOITE
Na noite do dia 01 de dezembro,
ocorreu a solenidade de abertura do festival, com a presença de algumas
autoridades do município, tanto do poder público quanto da sociedade civil. A
patronesse do teatro, Dona Lucila Nascimento, esteve presente e foi agraciada
com uma homenagem acadêmica por conta de seus serviços prestados à cultura.
Além disso, a Sra Elza Vasconcellos Mantovani recebeu também uma homenagem acadêmica
por conta de seu histórico empreendedor na cidade, ao lado de seu saudoso
marido, o Sr. Dervil Mantovani.
Após a solenidade de abertura,
pudemos apreciar um belo concerto de cellos e baixos com o conjunto Jup Graves,
da cidade de Presidente Prudente-SP.
Nos dias subsequentes, além das
oficinas musicais promovidas pelo festival e ministradas por renomados
professores, como Marcelo das Virgens (metais), cellos (Júlio Possetti),
regência orquestral (Dante Mantovani) e Natanael Fonseca (violino), eu pude ministrar
uma palestra sobre cultura caipira, que chamei de "Trovadores da
Paulistânia - O som da cultura caipira", título que faz menção ao imenso
território composto pelo que hoje são diversos estados da federação e são fruto
da colonização bandeirante, os responsáveis pela expansão do que viria a se
tornar a cultura caipira.
Um festival de música é não apenas
um encontro de profissionais, mas também de amigos. Comer um pastel e jogar
conversa fora com meus amigos Leila, Roberto e Solimar após a minha palestra e
comer uma pizza com eles e o maestro Dante Mantovani na noite de estreia, por
exemplo, foi tão marcante quanto as atividades musicais realizadas nos cinco
dias de evento. Comida, amizade e cultura são coisas que se harmonizam de
maneira quase que sobrenatural.
Voltando à agenda oficial do IV
FEMUSPP, o Grand finale de cada dia de evento eram os concertos noturnos no
Teatro Dona Lucila Nascimento. Excetuando-se a noite de abertura, eu tive a
honra de ser o mestre de cerimônias de todos os concertos, algo que me alegrou
a alma.
O FUTURO DA MÚSICA DE CONCERTO: A
SEGUNDA NOITE
Na segunda noite, tivemos a
oportunidade de ouvir a Orquestra Jovem de Paraguaçu Paulista, grupo formado
por talentos promissores do município, alguns em pleno florescer da adolescência.
Ver jovens que normalmente não se interessariam por música erudita tocando
violinos, trompetes, eufônios i tutti quanti encheu meu coração de esperança e
felicidade. Pode ser que nosso futuro não seja tão sombrio quanto eu imaginara
até ali.
A DIVA DO PIANO: A TERCEIRA NOITE
A terceira noite reservou a todos os
espectadores que tiveram a sorte de ir ao Teatro Dona Lucila Nascimento naquela
noite um momento épico: a diva do piano brasileiro, Eudóxia de Barros, executou
um programa simplesmente assombroso, como tem feito nas últimas décadas. Eu
tive a oportunidade de ouvir o programa que ela preparou para a temporada 2021
algumas semanas antes, de forma virtual, pois ela brindou a todos com um belo
recital na residência do desembargador Dr. Paulo Lessa, na cidade de Cuiabá-MT,
que foi transmitido ao vivo pelo YouTube. Mas vê-la ao vivo por trás das
cortinas do teatro não tem preço!
Em 2019 ela já havia tocado no III
FEMUSPP, na Catedral Nossa Senhora da Paz, e reencontrá-la pessoalmente foi um
grande e distinto prazer.
OS CONJUNTOS DE CÂMARA: A QUARTA
NOITE
A quarta e penúltima noite do
festival foi reservada aos conjuntos de câmara, pequenos grupos que contêm de 2
a 15 músicos e recebem esse nome por conta da forma que nasceram: no final da Idade
Média e início da Renascença, os reis e nobres contratavam poucos músicos para
tocarem privativamente nas câmaras dos palácios.
Nos dias anteriores, eu pude
acompanhar os ensaios do grupo que abriu a noite, o quarteto de madeiras,
composto por Gabriel Goulart na flauta, André Matos e José Vitor nos clarinetes
e Gerson Lins no fagote, músicos da cidade de Londrina-PR.
Em seguida, tivemos um duo: Natanael
Fonseca no violão e Jairo Chaves na viola de arco, também de Londrina. Na
sequência, Jairo continuou no palco para formar um duo com Eudóxia de Barros.
Depois disso, o pianista Hélder
Araújo fez uma apresentação solo.
O jazz e o rock também tiveram
espaço na noite, respectivamente com o quarteto formado por Hélder Araújo no
piano, Gerson Lins no sax alto, Gilberto de Queiroz no baixo e Eddy Ieger na
batera, e com o quinteto que contou com Hélder Araújo no piano, Marcelo Rondon
na guitarra, Alice Sousa no baixo e Eddy Ieger na batera. Foi um encerramento
em ritmo quente, ao som do melhor do rockabilly!
O GRANDE CONCERTO: A QUINTA NOITE
No domingo, dia 5 de dezembro de
2021, ocorreu o concerto de encerramento do IV FEMUSPP. Depois de tantos
ensaios, todos tiveram o dia de folga a fim de recarregarem as energias para a
grande noite.
Lembra que eu citei lá no início do
texto que eu havia escrito uma homenagem ao nosso amigo Eloi Veit? Pois bem,
pouco antes do início do concerto de encerramento, eu tive a oportunidade de
ler o meu texto para o público, enquanto um slide exibia fotos do nosso amigo,
algumas inclusive comigo.
Passado o momento de emoção, deu-se
início ao espetáculo.
Foram executadas algumas obras do
repertório clássico da música erudita, que são as seguintes:
- Abertura das Bodas de Fígaro, de
Wolfgang Amadeus Mozart
- Primeiro movimento da Quinta
Sinfonia de Ludwig van Beethoven
- Segundo e Quarto movimentos da
Sinfonia Novo Mundo, de Antonín Dvoŕak
- Trecho da Primeira Sinfonia de
Gustav Mahler
- Danúbio Azul de Johann Strauss
A abertura das Bodas de Fígaro foi
conduzida pelo maestro Carlos Alberto Baxter, do Rio de Janeiro, aluno da
Oficina de Regência Orquestral do IV FEMUSPP. As demais peças foram conduzidas
pelo maestro Dante Mantovani.
Na valsa de Johann Strauss, O lago
dos cisnes, houve a participação das alunas do balé do Paraguaçu Tênis Clube,
que teve como uma das solistas a filha do Maestro Dante, Agnes Popovic
Mantovani.
Para encerrar o IV FEMUSPP em alto
astral, a esposa do Maestro Dante cantou, junto com orquestra do festival e do guitarrista
Marcelo Rondon a música Bohemian Rhapsody, da banda Queen. Nada melhor que um
bom roquenrou para deixar a energia nas alturas!
E TUDO ACABOU EM PIZZA
Para encerrar a participação de
todos os professores com chave de ouro, nos reunimos na tradicional pizzaria
Dardanella, que é toda decorada com temática musical e já foi condecorada como
melhor pizza do estado. Felizmente, tudo acabou em pizza... no sentido mais
positivo do termo!
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