A VERDADEIRA GUERRA
Ou: como a desinformação molda o mundo
Essa
semana temos mais uma estreia especial.
Vivemos
em uma época estranha, na qual é preciso ter coragem para dizer o óbvio. Poucos
serão tão corajosos quanto o nosso mais recente colunista.
A
partir de hoje, o Marcelo Berger guiará os nossos leitores quinzenalmente, pelas
tortuosas trilhas das análises jurídicas e políticas, sempre com o humor aguçado,
apontado cirurgicamente para o alvo - uma de suas marcas registradas.
Certamente
será uma boa leitura!
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Notícias se sucedem como vagalhões em um mar revolto. De
forma implacável, a mídia bombardeia com manchetes garrafais o assunto do
momento que, em geral, é o mesmo para quase todos os veículos de comunicação.
Basta um olhar um pouco mais detalhado para perceber que até mesmo as chamadas
são praticamente iguais, muitas vezes incorrendo até nos mesmos erros de
linguagem. O assalto à mente das pessoas é visceral, gráfico e incessante.
Neste exato momento, por exemplo, todos os meios midiáticos estão direcionados
exclusivamente ao mesmo tema: o ataque militar da Rússia contra a Ucrânia.
“Especialistas” desfilam em estúdios e
redações da mesma forma que bandas quando se apresentam ao respeitável público. Como
em procissão, cada um tentando atrair mais a atenção do que a outro.
Diferentemente das bandas, cujo compromisso termina com a execução da música, é
frequente encontrar relatos e comentários com pouca, ou muitas vezes, nenhuma
preocupação com a veracidade dos fatos, limitando-se a repetir frases
pré-fabricadas cujo profundidade analítica é equivalente à de um prato raso. O
que importa é conseguir a atenção da audiência de qualquer forma através do
expediente universalmente usado que é magnetizar as pessoas pela emoção.
O conhecido ditado “uma imagem vale mais do que mil palavras” nunca se revelou
tão verdadeiro.