SENTIMENTALISMO NO XADREZ INTERNACIONAL
Fatos não se importam com boas intenções
As regras que regem o xadrez
internacional tem sido particularmente cruéis e implacáveis ultimamente, em
especial quanto à realidade daquilo que é mostrado nos meios de comunicação.
Felizmente, graças aos quase infinitos mecanismos proporcionados pela internet,
manchetes trazidas pelos novos cavaleiros do apocalipse instalados no que
convencionamos chamar atualmente de "midia" tradicional são
desmentidas diariamente.
Para entender a extensão do fenômeno,
basta perceber que até bem pouco tempo atrás o acesso àquilo que realmente está
acontecendo no Brasil e no mundo estava condicionado ao filtro daqueles mesmos
agentes que em menos de setenta e duas horas retiraram a pandemia das
páginas principais de todos os jornais e
a substituíram pelo conflito na Ucrânia.
Muito provavelmente porque a intenção
era justamente esta mesmo, criar factoides para gerar reações emocionais nas
pessoas e assim favorecer interesses espúrios inconfessáveis, ainda que saber
disto não altere em nada a gravidade do horror ora em curso naquele teatro de
guerra.
Estes eventos trazem a lembrança uma já
antológica entrevista ocorrida no Hoover Institution. O entrevistador Peter
Robinson perguntou ao economista Thomas Sowell, por que ele havia deixado de
ser marxista. Com o seu inigualável bom humor recheado da mais fina ironia,
Professor Sowell respondeu: "fatos".
O problema para aqueles que propõem
medidas desconectadas da realidade é que um tomador de decisão pode
perfeitamente ignorar os fatos, mas nunca deixará de ser escravo das consequências, ainda que não intencionadas.
O atual estado de beligerância
estabelecido entre Rússia de um lado e Ucrânia e seus aliados na Europa
Ocidental e Estados Unidos do outro é revelador desta lei imutável.
Ao invés de tentar desarmar os ânimos e
desescalar as ações bélicas, parte do
establishment politico-militar ocidental decidiu dobrar a aposta, impondo aos
russos medidas econômicas sancionadoras
sem precedentes na história, buscando de forma explícita colocar a Rússia de
joelhos, colapsando sua economia.
Se existe uma lição de Sun Tzu que nunca
deixou de ser atual é aquela que recomenda jamais encurralar o adversário, deixando pouca ou
nenhuma opção alternativa a não ser lutar, muitas vezes até a morte.
Não é preciso muito esforço cognitivo para
constatar que a Rússia não é apenas mais um país na longa lista de nações no
mundo. A Rússia tem importância. Muita importância.
Sua longa história tem demonstrado à
exaustão que estratégias de ameaça e intimidação normalmente não apenas
fracassam, como em geral provocam reações contundentes e arrasadoras. O atual
momento não é exceção a esta regra secular.
Medidas punitivas tomadas no campo financeiro e econômico,
estão até o momento longe de mostrar os resultados esperados, pelo contrário.
Tem provocado efeitos indesejados consideráveis.
Países com peso geopolítico e econômico no cenário
global não apenas estão reticentes
quanto às ações tomadas pelos aliados de Zelensky como estão abertamente
trabalhando contra elas, com especial destaque para China e em grande medida
por países como Índia e Arábia Saudita.
Mais do que qualquer outro efeito, o
atual estado de coisas tem demonstrado que o dólar, e particularmente o
petrodólar, não tem mais o peso estratégico de outrora, demarcando uma visível perda de importância americana na diplomacia
mundial. A caótica e incompetente administração politica americana capitaneada
pelo atual Presidente Biden é sintomática, neste aspecto.
Trata-se, portanto, de uma
constatação factual, como observaria
Thomas Sowell, com enormes consequências, como por exemplo a destituição da
moeda americana como reserva de valor e meio monetário global de transações,
com severas implicações mundiais e especialmente para a saúde da economia
americana.
Ao tentar encurralar um país como a
Rússia, a elite financeira de Wall Street e da City de Londres empurrou o Urso
asiático para os braços do Dragão chinês, ou seja, fez uma aposta arriscada
demais até mesmo para a banca.
Pode-se, talvez, especular se esta
medida radical não tenha sido uma ação desesperada para provocar o Great Reset
de Klaus Schwab, em virtude do fracasso da histeria midiática covidiana em
atingir este objetivo.
Neste caso, seria recomendável aos
ilustres políticos envolvidos revisitar autores como John Mearsheimer, Thomas
Sowell e Sun Tzu, entre tantos outros que oferecem bases teóricas mais racionais para eventos tão explosivos
como estes que estão ocorrendo entre Rússia e Ucrânia.
Fatos não se importam com boas
intenções, muito menos com sentimentos, especialmente quando estão em jogo
interesses geopolíticos de atores globais claramente conflitantes entre si. As
pessoas estão percebendo a diferença, que agora não consegue mais ser escondida
com tanta facilidade.
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