CELEBRAÇÃO DA PAIXÃO E MORTE DE CRISTO
Sacramento (sinal real e sensível) da Paixão
CELEBRAÇÃO DA PAIXÃO E
MORTE DE CRISTO: O acontecimento
salvífico que celebramos na tarde da Sexta Feira Santa não é uma
“comemoração", como costumamos dizer, senão sacramento (sinal real e
sensível) do drama, trágico e sublime, da Paixão e Morte de N. S. Jesus Cristo.
Seu realismo é confirmado pelo seu ritual. Nesse dia não se celebra a
Eucaristia como de costume, pois é celebrada originalmente, com duração de três
dias, desde à tarde da sexta-feira até o amanhecer do domingo. Também, neste
dia da Sexta Feira Santa, e só neste dia, Cristo cravado na cruz, é adorado e
não apenas venerado como no resto dos dias do ano, mostrando o realismo
singular (fato irrepetível) da Paixão e morte de Cristo, como se nos revela na
carta aos Hebreus: Dado que os homens morrem uma só vez, da mesma maneira,
Cristo se sacrificou uma só vez para termos a Vida Nele (Hb. 9,28).
A mesma lógica nos leva a dizer
na Eucaristia: Anunciamos (tornamos presente) a morte e a Ressurreição de
Cristo, enquanto esperamos Sua volta, rege também a Sexta-Feira Santa, na
qual, de maneira real e irrepetível, tornamos presente Sua Paixão e Morte. A
imagem do Crucifixo, como o pão e o vinho na Eucaristia, torna-se Corpo de
Cristo entregue e incorporado a nós. Infelizmente, quebramos este realismo ao
receber nesta tarde, na mesma celebração da Paixão e da Morte de Cristo, o pão
eucarístico, que é como receber seu cadáver ou um pão ainda não transformado
pela sua Ressurreição.
Mais uma vez cumpre-se a tese
acima anunciada: o amontoado das celebrações e dos ritos sacramentais encobrem
a grandeza e beleza dos mistérios que nos brindam.
A narrativa da Paixão e da morte
de Cristo se faz carne, fato histórico, se em todos os episódios
evangélicos, afirma Santo Inácio de Loyola, nos imaginarmos realmente
presentes, e de maneira mais singular na proclamação, nesta tarde, deste drama
que encarna nossa existência e a história do mundo. Não é só Cristo que sofre e
morre na cruz, mas a humanidade e toda a Criação com Ele, assim como, na Sua
Ressurreição, todos seremos glorificados Nele. Cristo é o universal concreto
da Criação. Na Sua morte, morre a morte e o pecado do mundo e, na Sua
Ressurreição, somos divinizados.
A Encarnação de Deus em Jesus de
Nazaré fundamenta o mistério da nossa Salvação que na Páscoa se revela e se faz
presente, ao mesmo tempo em que se prolonga em cada um de nós e no mundo até o
fim dos tempos. Mas, porque Cristo encarnou nossos pecados, dores e mortes, na
sua Paixão e morte, todos seremos vitoriosos. Não estamos sós a sofrer nosso
câncer ou nossa morte. Cristo sofre em nós e nós Nele. Se tivéssemos esta Fé,
nossa existência, de per se trágica e angustiante, seria revestida de feliz
esperança.
Salientamos nesta memorável Sexta-Feira Santa, que com toda verdade a língua inglesa chama Good Friday (Sexta-Feira Boa ou Plena), pois Deus nos poupa do pecado e da morte, o sacramento da Cruz.
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Continua
no próximo artigo:
SINAL DA
CRUZ
Padre Jesus Priante.
Espanha. Edição e intertítulos por Malcolm Forest. São Paulo. Copyright 2022.
Padre Jesus Priante. Compartilhe mencionando o nome do autor.
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