FALÁCIA DAS CHACINAS.
As mentiras deslavadas não cessam!..
“Quase
tudo que foi dito na matéria [...] está equivocado. Primeiro é incorreto,
inaceitável, inapropriado e ofensivo usar o termo chacina nesse contexto.
Conheço a operação do jacarezinho no detalhe, aquilo não foi uma tragédia como
descrito [...] foi uma operação judicial para cumprir mandados judiciais e a
operação foi vazada com antecedência, os criminosos se prepararam, estavam com
armas de guerra, receberam os policiais de fuzil atrás de casamatas, um
policial saiu do carro levou um tiro na cabeça e morreu na mesma hora. Os
policiais civis que foram no jacarezinho enfrentaram uma situação de guerra, aquilo
de forma alguma pode ser chamado tragédia ou de chacina”. Roberto Motta[1]
Durante
a semana publiquei no meu Facebook uma matéria de um repórter da Jovem Pan (uma
das exceções em nossa imprensa, embora esta matéria, específica, possua viés) e
sobre a matéria foi pedido o comentário do Roberto Motta, que, dentre outras
coisas, falou o contido na epigrafe.
Quem está certo? O relatório
reportado na matéria ou o comentarista?
Não deixarei vocês no suspense, com
certeza o comentarista. Resolvi fazer essa crônica para revelar e explorar os
dados do relatório[2]
do chamado grupo GENI (Grupo de Estudos de Novos Ilegalismos) da UFF
(Universidade Federal Fluminense) e mostrar o viés do qual está permeado
(possuem vários relatórios, no futuro analisarei outros, hoje falo só do
mencionado na reportagem).
Começa com a utilização inadequada
da expressão CHACINA, já falei em outra crônica[3], é um termo apropriado
pela esquerda radical brasileira para atacar a Polícia e, para tanto,
utilizam-se de uma manipulação semântica, dando ao termo um significado
diferente. CHACINA é sinônimo de MASSACRE[4], quando alguém pega
pessoas desarmadas, mais fracas, indefesas e, aproveitando-se do fato, realiza
uma carnificina, matando-os sem dó nem piedade. Tal fato revela o total
desprezo pela vida humana a total insensibilidade de quem executa tal crime.
No Rio de Janeiro é possível citar
uma CHACINA, recente, quando membros de uma ORCRIM (não costumo citar o nome
para não dar moral) mataram três meninos, impiedosamente, porque teriam se
apropriado do passarinho de um “chefete” da organização, fato que ficou
conhecido como o caso dos Meninos Passarinho[5]. Isso é uma chacina...
Diferente de COMBATE que, como o
próprio dicionário Aulete define em uma das acepções, é: “COMBATE: confronto entre policiais e traficantes”[6]. Desta forma, só o fato de chamar
COMBATE/CONFRONTO de chacina já bem demonstra o viés do relatório que faz parte
da chamada “guerra cultural ou marxismo cultural”, que é a forma como é tentada
a tomada do poder pelas esquerdas, atualmente, sem jamais esquecer o que
pregaram vários teóricos do Marxismo, “a revolução é permanente”...
Quanto aos dados
apontados, segundo o relatório, no período entre 2007 e 2022 ocorreram no Rio de Janeiro 17.929 operações policiais
das quais – com dolo e viés – dizem que 539 constituiriam “chacinas” causando
2.371 mortes, aí para impactar – velho truque que se faz com números –
maximizam, dizendo 01 morte a cada 09 dias (na foto consta 01 chacina a cada 09
dias, mas a matéria aos 35 segundos fala em “morte e não chacina”).
Outra característica de quem analisa números
com viés ideológico, além da costumeira manipulação semântica, é só
dizer os números que julgam prejudiciais a quem querem demonizar, no caso, a
polícia. Como se diz lá na fronteira, só contam da missa a metade. Se é que
chegam a contar a metade.
Ao invés de 15
anos, como usaram, vamos analisar os dados de 10 anos – amostragem razoável estatisticamente - (o
Anuário Brasileiro de Segurança Pública/2021[7], cujos
dados usarei sobre as mortes no RJ, só contempla a partir de 2011, o relatório
não diz de onde pegam os números). Quanto às mortes por intervenção do agente
de Estado no Rio de Janeiro (o anuário não os lista) usarei os dados do ISP[8]
(Instituto de Segurança Pública, fonte aceita pelo GENI, pois usados em outros
relatórios).
Consoante os
dados do Anuário (pág. 20, na linha relativa ao RJ) entre 2011 e 2020 foram
mortas no Estado do Rio de Janeiro 50.284 pessoas... Segundo os dados do ISP,
no mesmo período, 9.232 ocorreram em decorrência da Intervenção de Agentes do
Estado. Mas para o GENI, a polícia do RJ é a mais violenta do planeta (mais
violenta que a polícia de todo os EUA, abordarei esse absurdo em outra
crônica). Vamos colocar os números em pratos limpos. Do total de mortes
ocorridas no RJ em 10 anos somente 18,3% pode ser atribuída à Polícia, ou seja,
os restantes 87% de pessoas mortas no Estado são culpa e responsabilidade da
BANDIDAGEM... Mas a polícia é violenta... Percebem o DESVIRTUAMENTO dos dados,
o VIÉS.
Usemos a
estratégia que usam (a polícia mata 01 a cada 09 dias), peguem o número de 41.052
(total de mortes 50.284 - 9.232, as atribuídas a Polícia), dividam por 10 anos =
4.105 (média anual de mortos no Rio de Janeiro, fora os imputados aos policiais)
e, após, dividam esse número por 365 dias = 11,24 por dia são os mortos pela bandidagem, mas claro a
violência dos “MANOS” não pode ser revelada, precisa ser escondida, pois são
pobres vítimas da sociedade, “pequenos empresários” - eufemismo usado para
traficantes por alguns “intelectuais orgânicos” cariocas.
Sem contar o
aspecto que quase todos os mortos em decorrência da intervenção policial
decorrem de COMBATE, CONFRONTO. O mesmo pode ser dito dos assassinatos dos “Manos”, ou muitos são chacinas como as dos
meninos passarinhos ou para “roubar o celular” do trabalhador que o paga em
longas prestações com o fruto do suor do seu trabalho (e há quem ache um
absurdo prender esses criminosos)...
Quanto a
Jacarézinho, vejam o resumo da operação: “participaram 294
Policiais Civis, realizadas 07 prisões, apreendidos 16 (dezesseis) pistolas, 09
(nove) granadas, 05 (cinco) fuzis, 02 (duas) espingardas, 01 (uma)
submetralhadora, 01 (uma) ogiva de canhão, além de carregadores, cerca de 4,2
(quatro vírgula dois) quilos de entorpecentes e radiocomunicadores”. Morreram
28 pessoas, 01 policial e 27 bandidos. A pergunta que não quer calar é ou não
um despropósito chamar de “chacina”? Será que houve confronto?
Tanto houve que, dos inúmeros
expedientes abertos para investigar, a grande maioria foi arquivado, em grande
parte por existir prova material de CONFRONTO, como dito em um deles: “A
perícia de local, realizada na residência em que o fato aconteceu, concluiu que
‘os achados analisados são compatíveis com a ocorrência de confronto armado
no local’”[9]. Arquivamentos já
confirmados judicialmente.
Dos 294 policiais participantes do
evento foi ofertada denúncia contra 03, pois o Ministério Público entende que
pode haver excesso na atuação deles, desfigurando a legítima defesa ou estrito
cumprimento do dever legal (excludentes que sempre abrigam a atuação policial
quando inocorrente excesso), mas não significa que sejam culpados, ocorrerá uma
instrução, após o caso será ou não remetido ao Tribunal do Júri, na eventualidade
da existência ou não de prova e, caso enviado a julgamento, ao Povo Fluminense
é que caberá a palavra final para dizer se são culpados ou inocentes.
Ainda, segundo o relatório do GENI,
a grande culpa dessas “chacinas” é do BOPE e do CORE, pois sempre que um
participa de uma operação “há uma possibilidade maior de se transformar em
chacina” e quando participam juntas da ocorrência essa probabilidade é 6x
maior. Essa é outra afirmação absurda, inaceitável, imprópria, desonesta e que
merecia uma ação civil de indenização (expressei esse sentimento ao Delegado
responsável pelo CORE). Vejam a malícia, os autores do relatório sabem – como
qualquer cidadão do RJ, e até de fora desde que conheça o mínimo de segurança
pública – que tais grupamentos não são chamados para cumprir mandado judicial
na Barra da Tijuca, para cobrir o roubo de bicicleta no Leblon ou ocorrência de violência doméstica em
Copacabana. Somente são chamados quando “o bicho vai pegar”, quando precisam
dar cobertura para alguma atividade que será realizada em áreas de conflito
dominadas pelo tráfico e as chances de ocorrer CONFRONTO são quase de 100%.
Sabem, igualmente, mas não podem
dizer para atingir seus objetivos, que existem mais de 1400 favelas dominadas
pelo tráfico no Rio de Janeiro, com as ruas vigiadas por um exército fortemente
armado, com armamento de guerra e cujo contingente é estimado em torno de 55
mil soldados. Esse é o exército que o BOPE e o CORE enfrentam sempre que são
chamados, mas os “intelectuais ungidos”, cujos relatórios depois servem para
fundamentar ações absurdas como a ADPF 635, tem o desplante de dizer que eles
são responsáveis por “chacinas”.
A cereja do bolo, como não poderia deixar de
ser, é a solução apresentada: “é necessário repensar o modelo do policiamento
repressivo da Polícia Militar e reforçar o caráter judiciário da Polícia Civil,
além de questionar a eficácia das unidades especiais das polícias militar e
civil; é preciso ampliar o controle democrático sobre o uso da força pelo
Estado”.
As soluções apresentadas seriam aceitáveis em uma
situação de normalidade, naquelas ocorrências mencionadas na Barra da Tijuca,
no Leblon ou em Copacabana, mas como refere em laborioso artigo meu colega
Carlos Frederico[10] “a
situação do Rio de Janeiro há muito tempo ultrapassou a normalidade”. O Rio de
Janeiro, principalmente nas mais de 1400 favelas dominadas pelo tráfico, vive
verdadeira situação de guerra.
Poupem-nos
da hipocrisia, da desfaçatez e dessas mentiras enviesadas!..
“A polícia no Rio de Janeiro hoje, além de
enfrentar os criminosos, enfrenta uma ideologia que cria ONGs, Centros de
Estudos e Pesquisas, análises, relatórios que depois ganham vida própria nas
mídias, só defendendo o direito de um dos lados, é uma guerra assimétrica onde
o lado dos criminosos pode tudo!...” Roberto Motta[11]
Que Deus tenha piedade de nós!..
[2] http://geni.uff.br/category/relatorios/ ( o primeiro
intitulado Chacinas Policiais).
[7] https://www.bibliotecadeseguranca.com.br/wp-content/uploads/2021/07/anuario-brasileiro-de-seguranca-publica-2021.pdf
[9] (MPRJ nº 2021.00398092
– apenso III ao PIC 001/21)
[10] https://revista.mpm.mp.br/ N.
35 (2021) PEREIRA, Carlos Frederico de Oliveira. ADPF
635. Entrelaçamento do Direito Internacional dos Direitos Humanos e do Direito
Internacional Humanitário na repressão às gangues de 3ª geração com domínio
territorial no Rio de Janeiro, pp. 175-208.
[11] Idem rodapé 2.
-
Renato Gomes - NO BRASIL, TODO PODER EMANA DO POVO?
SILVIO MUNHOZ - A BOLHA E A GUERRA ASSIMÉTRICA
DIOGO SIMAS - HÁ QUEM CREIA QUE O ESTADO AJUDARÁ ALGUÉM
Lorena (Duquesa Bessières D´Ístria) - CAMINHO DE FOGO CRUZADO