FROM HERE TO ETERNITY
A guerra é a política por outros meios
Corriam o início
dos anos quarenta e os Americanos estavam agora inteiramente focados nos
esforço de guerra, após sofrer o ataque japonês às suas forças navais atracadas
em Pearl Harbor.
Não fosse este
evento histórico, muitos autores renomados lançam dúvidas se os Estados Unidos
teriam entrado na guerra, uma vez que o teatro de operações estava localizado
na Europa e, posteriormente, no Pacífico, bem distante do território Americano.
Provavelmente
teriam entrado de qualquer forma, ainda que em momento distinto daquele
provocado pelo ataque japonês.
Especulações à
parte, deve-se sempre lembrar das seminais palavras de Clausewitz: "a
guerra é a política por outros
meios".
Ou seja, qualquer
iniciativa bélica tem por trás uma justificativa política, seja ela qual for,
independente da moralidade do ato. Os atores que tomam decisões deste
nível de gravidade e importância
normalmente dispõem de informações que levam a cogitar iniciativas extremas
como declarar guerra.
Isto serve para ilustrar que em que pese centenas de anos passados, os pensamentos de Clausewitz e Sun Tzu continuam mais atuais do que nunca. Jamais perderam validade, pelo contrário, descrevem minuciosamente as razões explícitas e implícitas que levam nações a cometer atos desta magnitude.
Veja-se agora o
caso do atual impasse entre China e Estados Unidos por conta do status de
Taiwan, que a primeira entende parte indivisível de seu território, portanto desprovido de qualquer legitimidade
soberana perante outras nações.
A China sempre deixou sua posição absolutamente clara, recusando qualquer concessão naquilo que entende como seu direito histórico legítimo.
Os Estados Unidos,
por sua vez, sempre manteve um tom discreto, embora firme, de apoio a Taiwan,
até porque ter um território aliado a poucos quilômetros da costa chinesa é uma
vantagem estratégica considerável,
assumindo que a China se tornaria com o passar dos anos a maior ameaça
política e econômica à hegemonia anglo-saxã,
fato este que efetivamente viria a se consumar.
O problema é que
assim como a China adquiriu novo status geopolítico e, principalmente,
econômico no cenário mundial, os Estados Unidos também mudou de patamar nas
últimas décadas, mesmo que ainda permaneça a maior e mais
poderosa força política, econômica e militar da história.
Ocorre que no
xadrez das relações internacionais é visível que a América não desfruta mais da
mesma unanimidade entre os países com os quais precisa se relacionar, aliados
ou não.
É regra básica do
relacionamento entre nações que questões de ordem moral tem pouca ou nenhuma
importância como critério de tomada de decisão.
A decadência
Americana, especialmente no campo econômico em face da astronômica dívida
interna do país e do esvaziamento do seu parque industrial, deixaram a superpotência extremamente
vulnerável, especialmente sabendo que
toda a sua economia está lastreada em papel, ou seja, o dólar, como moeda de reserva internacional.
Somando-se a isso
temos um cenário político nos Estados Unidos profundamente conturbado, cercado
das controvérsias que levaram ao poder o atual presidente Biden.
A tempestade
perfeita, portanto, acabou se formando, quando simultaneamente a Nação
Americana se encontrou fragilizada no campo econômico e, como se não bastasse,
somou-se o desempenho desastroso do atual Presidente em todos os campos onde
toma iniciativa.
Não existe registro
na história Americana de um governo cometendo tantas ações
incompreensíveis e inconsequentes como
este que ocupa atualmente a Casa Branca.
É impossível neste
espaço enumerar, tamanha a quantidade de absurdos cometidos em pouco mais de
dois anos. O atual Presidente, como se
não bastasse, demonstra inequívocos sinais de senilidade e incapacitação
cognitiva, adicionando ainda mais combustível ao atual cenário extremamente
explosivo das relações internacionais.
A fraqueza política
do Partido Democrata neste contexto está repercutindo em todas as instâncias da
disputa interna enfrentada com o Partido Republicano, que tem hoje novos
líderes influentes muito além da
personalidade carismática do ex-Presidente Donald Trump.
As consequências do
desastre democrata serão sentidas agora em novembro de 2022, quando haverá
eleições para o Congresso. Estima-se que a derrota dos seus candidatos será a
maior de sua história, superando a varredura ocorrida após o também desastroso
governo Jimmy Carter.
Se a guerra é a
política por outros meios, nada melhor do que um novo confronto bélico mundial
com o maior adversário até o momento, a China, já que as sanções contra a
Rússia por conta da guerra na Ucrânia se mostraram no mínimo inócuas, talvez mesmo contraproducentes até o momento.
O objetivo, claro,
seria desviar a atenção do eleitorado Americano do atual cenário catastrófico
de sua economia.
No entanto, todos
os jogos sempre apresentam pelo menos dois jogadores. E todos os jogadores
envolvidos têm suas estratégias, de preferência interdependentes umas das
outras.
Não é surpresa,
portanto, que até o momento as estratégias utilizadas contra os russos deram errado. Lembre-se
sempre que russos sabem jogar xadrez como ninguém.
Nada indica que os
chineses, por sua vez, vão cair na armadilha, pois é necessário se perguntar a
quem interessa neste momento um novo conflito bélico.
Chineses também
sabem jogar muito bem há séculos. Sabem também esperar. Sun Tzu que o diga,
pois as peças continuam se movendo no tabuleiro. Todos os planos deveriam estar
dando certo para Americanos e Europeus. Faltou apenas combinar com os russos e
com os chineses.