Doces Zumbis
Minhas queridas crianças,
Venham!
Aproximem-se e aproveitem ao máximo
O gozo que flui de tudo que posso lhes dar.
Venham!
Deleitem-se!
Deletem qualquer coisa que seja dita má.
Pois só o mal corrói o coração.
O que vale, mesmo, é a intenção.
- Se nunca desejei mal a alguém... que pena mereceria?
- Que erro teria cometido, se só quero ser feliz?
- Se os prazeres existem, então que os vivamos! A vida é uma só!
- Quando muito, se errar, errarei comigo mesmo.
- Pelo menos terei história para contar.
- E quem tem a ver com isso?
- A vida é minha...
Isso!!! Isso!!!
Repitam isso!!!
Usem essas frases. Abusem delas...
Quantas vezes preciso for,
Fujam de si, e de qualquer dor.
Com as ébrias egoísticas sentenças,
Ditas num oásis árido
Onde o eco não retorna
E a água não brota.
Lugar ermo, em que vocês fingem estar bem
Com os olhos opacos e cheios de pouca vida.
E o peito vazio de tanto entulho fugaz,
Resultado de anos e anos,
Cultivando a migalha do pecado que antes até levava algum prazer,
Mas hoje, é tão fraco quanto um espírito baixo
E não dura nem uma fração de segundo mal vivido.
Em sã consciência, vocês hão de arrepender-se.
Mas em sã consciência. Não em satânica consciência.
Neste outro tempo, julgarão que, bom mesmo, era a tenra idade,
Quando pouco sabiam das coisas
E muito entendiam sobre tudo.
Vocês lembram dessa época?
Eram inocentes...
Rezavam ao “Papai do Céu”
Acreditavam nas palavras de Jesus.
E acreditem: sequer questionavam seus mandamentos!
Nessa época, vocês não tinham um Cristo próprio, feito sob encomenda em alfaiataria.
A Bíblia era um livro de certa autoria.
E não tinham as Palavras confundidas com os seus meros caprichos.
Mas isso eram outros tempos...
Esqueçam estes tempos, meus doces zumbis!
Aproveitem o mundo que temos!
O aqui. O agora.
É tudo que posso oferecer antes de dançarmos a derradeira valsa eterna.
Peito com peito, em ardência simbiótica.
Fomos irmanados pela inveja.
Na vida, brincamos de deuses, na esperança de sermos Deus.
E acabamos sem Ele.
Nós, que tanto nos amamos a nós mesmos.
E sempre nos pusemos em primeiro.
No final, levaremos conosco somente isso.
O pó.
Ou nada.
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