APOLO E DIONÍSIO
A ordem e o caos fazem parte de nossa composição...
Na mitologia grega, Apolo e Dionísio
eram filhos de Zeus, o rei dos Deuses, senhor do Universo. Sendo opostos em valores
e hábitos, os irmãos foram transportados para a filosofia, ajudando na
compreensão da civilização ocidental.
Apolo se destacava como uma divindade
identificada com a luz, a ordem e a beleza. Era um jovem que protegia os seres
vivos, sendo patrono dos artistas e da natureza, e transformou-se em um símbolo
do otimismo, da razão, da confiança e da vitória, representando a ponderação e
a busca da perfeição.
Dionísio, por sua vez, era a antítese
de seu irmão, visto como subversivo, desobediente à ordem e aos limites, escravizado
pela busca da liberdade e do prazer. Ficou, assim, identificado com a tragédia
e a loucura, com a desordem da vida e a emoção descontrolada.
Personificado em Baco, o deus do
vinho e das festas intermináveis, onde os excessos estavam sempre presentes, a sua
dificuldade de abrir mão dos prazeres efêmeros e de controlar os próprios
impulsos, fez com que vagasse sem rumo, pelos quatro cantos do mundo .
Transpondo para os seres humanos as características desses dois deuses, a impulsividade, a frivolidade e a força instintiva, levam, inevitavelmente, à identificação com o comportamento de Dionísio, enquanto as pessoas mais ordenadas internamente, aproximam-se da figura de Apolo. Enquanto este seria o deus da moderação, o primeiro era associado à explosão de cólera e aos excessos.
A ordem e o caos fazem parte de nossa
composição. Nós, seres humanos, somos imperfeitos e sujeitos aos caprichos de
nossos temperamentos. Precisamos domá-los. Dionísio e Apolo, assim retratados,
representam, metaforicamente, as ambiguidades de todos os indivíduos, os
aspectos da psique humana, na complicada busca do equilíbrio pessoal.
Características aparentemente
antagônicas, como temperança e cólera, prudência e loucura, habitam o interior
de todos nós, devendo-se buscar, entretanto, a preponderância do modo virtuoso
de ser. Vivemos, porém, tempos muito difíceis, o que torna bem mais árdua a
busca da elevação moral.
Uma expressão muito em voga nos dias
atuais é “só se vive uma vez”. Essa frase resume bem a nossa época. Ela contém
um chamado para que se viva tudo , intensamente e sem limites, de forma
voluntariosa, pensando somente no hoje, sem que se meçam as consequências dos
próprios atos. Será esse o objetivo da vida?
Não é. Porque isso não é ter a vida
boa que Sócrates pregava. Segundo ele, uma vida que não é inspecionada, não
vale a pena ser vivida. Uma vida que não se direciona em busca da realização de
sua vocação, que não se ordena para o alto, buscando a Deus e aos valores mais
elevados, por certo, não é capaz de proporcionar felicidade e realização
pessoal.
A humanidade vive uma crise de
identidade sem precedentes, dominada por desejos fugazes. Os vazios modernos,
que remetem à medicação exagerada, ao excesso de drogas, álcool e sexo,, ao
consumismo exacerbado, aos vícios mais diversos, são a terrível consequência da
negligência às coisas fundamentais:: a realização da vocação e o
aperfeiçoamento moral, por meio do exercício das virtudes.
O colapso da civilização advem da negação da
importância de se cultivar ideais mais elevados, os quais exigem uma dose de
sacrifícios e renúncia. Isso tem levado as pessoas à desordem interna: onde não
há equilíbrio, não haverá paz interior.
Todos somos capazes de emergir da cegueira
e da esquizofrenia dos tempos modernos, a fim de contribuir para a sociedade, mergulhando no
aperfeiçoamento pessoal, através da realização de nossas missões de vida. Será,
a partir da evolução moral dos homens, que a sociedade se transformará. O
exercício das virtudes, por cada um de nós, é o combustível para a sanidade
social, sem a qual a humanidade se perde em luxúria, corrupção e caos.
Sócrates tratou disso há mais de dois
mil e quinhentos anos, e essa questão nunca foi tão atual. Ele percebia um
processo de corrupção dos valores essenciais da sociedade, a qual era
destruida,, de dentro para fora, pelos comportamentos de seus individuos, de
forma muito similar à que testemunhamos hoje em dia.
Há uma hierarquia de valores existenciais,
que aponta para o que é mais importante. Os problemas fundamentais do ser
humano, desde o início da Humanidade, residem na dificuldade de perseguir os
bens corretos, dando-lhes o valor adequado. Ao falhar, o homem mergulha na
mediocridade de uma vida sem sentido.
Enquanto se vive, há tempo. Todos nós precisamos lutar contra nossas más tendências e os prazeres fáceis, a cada instante. Vivemos no mundo real, e esse nos apresenta muitas provações e tentações. Paulo de Tarso já dizia, que o mal que ele n desejava, cometia com facilidade , mas que o bem que ele almejava, era muito mais difícil de realizar. Viver é fazer escolhas, as quais se tornam mais naturais , quando se sabe aonde se quer chegar. Você quer ser Apolo ou Dionísio?
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