EM BOA COMPANHIA
Indiscrições de uma colunista sobre seu editor e sobre Jordan Peterson, naturalmente...
Morro de amores pelo Sileno, meu editor aqui da Tribuna. Ele
é um mineiro bravo, que de vez em quando perde a paciência comigo (com razão).
Mas tem um coração do tamanho do mundo, me acolheu de braços abertos e apostou
em mim, quando eu comecei a escrever. E é por isso que, tudo que ele me pede,
eu faço. As vezes reclamo, dou de ombros, fico de bico, mas faço.
Ele está
escrevendo o prefácio do meu livro, e disse que é surpresa, que só verei quando
o livro estiver pronto. Estou curiosíssima, mas tenho certeza que ficará o
máximo, porque tudo que ele escreve é de alta qualidade: ele é muito culto,
inteligente, apesar de viver puxando minhas orelhas, por alguma coisa que eu
escrevi.
Pois bem, ele leu um dos meus posts diários do instagram, no qual eu dizia que somos a soma das 5 pessoas com as quais mais convivemos.
Imediatamente ordenou: “pare de brincar de postar e escreva uma coluna sobre isso!” E aqui estou eu, mais uma vez fazendo o que ele quer! Rs.
Estou
relendo o livro de Jordan Peterson, intitulado Doze Regras para a Vida.
Peterson é uma revelação da geração atual de autores, que escrevem sobre
comportamento humano e filosofia. Ele usa a psicologia, área de sua formação, e
seus ricos conhecimentos literários e filosóficos, para entregar ao leitor uma
ferramenta de análise profunda de sua essência e seu propósito de vida.
No capítulo
três, denominado “ seja amigo de pessoas que queiram o melhor para você”, ele
discorre sobre a capacidade que as más amizades têm, de nos levarem com elas
para o fundo do poço, e sobre o que nos faz escolhermos esse tipo de amigos.
Na página
76, ele explica o seguinte: “às vezes, quando as pessoas têm uma opinião
negativa sobre seu próprio valor- ou, talvez, quando se recusam a assumir a
responsabilidade sobre suas vidas-, escolhem uma nova amizade precisamente do
mesmo tipo que se provou ser causadora de problemas no passado. Essas pessoas
não acreditam que merecem coisa melhor- então nem procuram algo melhor.
E prossegue: (...) As pessoas criam seus mundos com as
ferramentas que estão ao seu alcance. Ferramentas com falhas produzirão
resultados com falhas. O uso repetido das mesmas ferramentas com falhas
produzirá o mesmo resultado com falhas. É dessa forma que aqueles que não
conseguem aprender com o passado estão condenados a repeti-lo. Em parte, é
destino. Em parte, incapacidade. Em parte é... falta de vontade de aprender?
Recusa em aprender? Recusa motivada
em aprender?”.
Eu vou mais além, e digo que isso não
se aplica somente às amizades, mas sobretudo, às relações amorosas, também.
Quantas pessoas conhecemos que têm relacionamentos destrutivos, nos quais
aflora o pior de si mesmas, e do companheiro, em um ciclo vicioso sem fim?
Por essa razão, é imperioso o
autoconhecimento. É essencial a leitura dos grandes clássicos, que retratam tão
bem a perda da dignidade humana, através de amores doentios. Digo e repito: não
há nada que esteja na realidade, que já não tenha sido reproduzido na
literatura. Essa foi uma das primeiras frases que ouvi do professor Olavo de
Carvalho, e me tocou profundamente.
É necessário, também, um pouco do
conhecimento da alma humana (não somente da sua). Isso a filosofia traz. A fé e
a religião são igualmente fundamentais. Elas nos provam a nossa capacidade
infinita de amar, e o quanto não devemos desperdiça-la com comportamentos e
pessoas autodestrutivos.
Não tente justificar tudo. Não aceite atitudes agressivas, desrespeitosas ou cruéis, sob o argumento de que aquela pessoa carrega traumas, problemas de infância, dores da alma... Todos carregamos. E nem por isso, sairemos por aí destruindo nossas vidas e as vidas alheias. A tendência ao autoengano é muito forte, nos dias atuais, e é preciso compreender que o outro pode ser, sim, simplesmente mau ou desajustado, e que não cabe a você tolerar ou mudar isso.
Vivemos num mundo em que as pessoas
não se conhecem, muito embora possuam mil instrumentos ao alcance das mãos para
isso. Focam em qualidades rasas, que percebem nos outros, como aparência e bens
materiais, e esquecem-se de olhar a essência daquele ser humano que está ali, à
sua frente. Valores morais, um coração amoroso e retidão de caráter não se
compram ali na esquina.
Por isso é tão importante saber quem
você é, e o que espera de um relacionamento, seja este fraternal ou amoroso. É
preciso cercar-se de gente que vibre junto, enxugue suas lágrimas, te estenda a
mão. Um amigo verdadeiro tem muito mais valor que cem colegas de instagram,
cujas vidas fantasiosas se descortinam ali, no feed de notícias, dia após dia.
A vida é muito mais do que isso. E as pessoas em quem você confia precisam enxergar
o mesmo que você.
O Sileno não sabe ainda, mas ele é
uma das cinco pessoas com quem mais convivo (ainda que virtualmente), e que
mais me influencia positivamente. Deus é generoso demais comigo, e colocou um
editor ranzinza e exigente em minha vida, mas que só me faz crescer como
pessoa, entregando para os meus leitores conteúdo de qualidade, que tenho a
oportunidade de deixar como legado para a posteridade.
Aprendi, depois de muitas decepções e
análises, a identificar amigos sinceros, e a preparar meu coração para afetos
de qualidade. Estou finalmente madura para fazer minhas escolhas, e tenho sido
abençoada com pessoas que são verdadeiros presentes de Deus em minha vida.
Cerque-se de gente com ideais
elevados e firmeza de propósitos, e você verá um milagre acontecer. Acredite:
você merece o melhor. Mas precisa se preparar para que isso aconteça!
ÉRIKA FIGUEIREDO
ÉRIKA FIGUEIREDO - REFLEXÕES SOBRE VIDA E MORTE
ADRIANO MARREIROS - NÃO TENHO MAIS PACIÊNCIA PROS INGÊNUOS, CRÉDULOS E OUTROS SUBMISSOS.
DARTAGNAN ZANELA - O PREÇO DA ESTUPIDEZ
CATARINA LINHARES - QUEM NÃO É “PROPRIETÁRIO”, É ESCRAVO
MAURÍCIO DA COSTA GAMBOGI - TRAGÉDIAS BAIANAS
DIOGO FORJAZ - PIZZA DE BOI DE PIRANHA