RÚSSIA VERSUS OTAN
A posição do Brasil nesse cenário
Analisar um cenário de conflito internacional não é uma tarefa
simples e muito menos uma tarefa fácil.
Existem muitos fatores para analisarmos ao tomarmos como verdade
determinados discursos.
A imprensa mundial geralmente costuma tomar um único lado como
verdadeiro e esse lado geralmente é aquele que detém o capital na área das
comunicações.
Como bem disse Juca Chaves tempos atrás: “A nossa imprensa é
muito séria, se você pagar bem eles até publicam a verdade”.
Quando você acessa um portal de notícias, você vê análises
simplistas do conflito na Ucrânia, onde a imprensa estabeleceu um mocinho e um
vilão, só que na vida real não funciona exatamente assim.
E o simplismo não se limita apenas aos analistas do conflito,
mas também para aqueles que poderiam contribuir para a resolução do conflito.
Um exemplo de simplismo é você ouvir de alguém que a Rússia é a grande
culpada do conflito, porque foi ela quem iniciou a guerra – só que esse é um
pensamento muito simplório e desprovido de inteligência.
Guerras existem desde que o mundo é mundo e sempre existirão
enquanto os seres humanos existirem sobre a terra, pois nós temos essa natureza
selvagem e predatória dentro de nós – Platão e São Thomaz de Aquino já falavam
sobre isso séculos atrás.
Dizer que você é contra a guerra não resolve
absolutamente nada!
Quem geralmente diz “eu sou contra a guerra e favorável a paz”
quer apenas se autopromover e demonstrar o quanto é uma pessoa pura e boa, sem
contribuir com absolutamente nada.
A paz é um fim e não um meio e jamais devemos iniciar qualquer tipo
de debate pelo fim e sim devemos debatermos os meios pelos quais atingiremos
determinados fins.
Entender as causas do conflito e a nossa posição no conflito é
fundamental para buscarmos uma solução para o término do conflito que aí sim
resultará na paz.
Já faz algum tempo que a Ucrânia vem sendo assediada, desde o
início dos anos 2000, pela Organização do Atlântico Norte (OTAN) – que é uma
organização internacional fundada em 1949, para fazer frente à até então União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas, que dissolveu em 1991.
A OTAN surgiu para contrapor o comunismo do leste europeu e sua
principal finalidade é militar.
A OTAN detém um grande orçamento militar e tem mantido bases
militares espalhadas por grande parte da Europa.
Ocorre que não existe mais União Soviética e desde 1991 o mundo mudou o que fez
com que a OTAN ficasse em uma encruzilhada, pois como poderia agora ser
justificada a sua existência?
Uma das mudanças da OTAN foi fazer da Rússia – agora um país
capitalista e em desenvolvimento – a sua nova inimiga, como se essa tivesse
herdado da União Soviética o seu papel de algoz.
Curiosamente a OTAN tem feito vistas grossas para
República Popular da China,
já que boa parte dos países da OTAN tem na China um importante parceiro
comercial.
Assim sendo, a Ucrânia tem aderido ao assédio da União Europeia
e dos Estados Unidos, e estreitado laços com a OTAN.
O grande problema é que – como eu disse anteriormente – a OTAN é
uma antagonista da Rússia, que não quer ter uma base militar da OTAN próxima de
sua fronteira.
Era nítido que a Rússia reagiria a qualquer investida da OTAN no
leste europeu, os Estados Unidos sabiam disso e à União Europeia também.
Então podemos dizer que os Estados Unidos e a União Europeia
cutucaram a onça com vara curta – como os caipiras falam no Brasil.
Foi um ato de provocação premeditado, haveria consequências
sérias para os agentes envolvidos diretamente, como a Rússia e a Ucrânia.
A Rússia tem um importante Produto Interno Bruto (PIB) estando
entre os dez maiores PIBs do mundo, além de ser uma potência militar,
científica e industrial exportando armas, minérios, petróleo e gás entre outras
coisas.
Brasil e Rússia juntamente com China, Índia e África do Sul
formam o grupo chamado de BRICS que é o grupo dos países em desenvolvimento.
Cada vez mais os países do BRICS aumentam sua importância no
cenário internacional e cada vez mais ocupam um espaço maior e de maior
relevância no cenário internacional.
A cooperação entre os países do BRICS é de suma relevância para
o desenvolvimento dessas nações e já gerou importantes frutos em diversas áreas.
Sendo o Brasil um país em desenvolvimento e um membro do BRICS,
qual seria então o posicionamento ideal do Brasil nesse conflito, já que temos
a Rússia como um importante parceiro comercial e aliado político, mas
condenamos uma agressão a soberania de outro país?
O Brasil deve adotar uma postura pró Rússia, uma vez que não se
trata de uma guerra contra a Ucrânia, mas de um embate entre a Rússia e a OTAN –
que é uma organização internacional.
Trata-se de uma operação militar de defesa da Rússia contra
uma organização criada para ser sua antagonista e que tem assediado o seu
país vizinho.
O Brasil deve deixar bem claro no cenário internacional que não
defende o uso da força militar contra o povo ucraniano, mas que reconhece o
direito da Rússia proteger suas fronteiras e sua soberania, e de afastar um
inimigo declarado para longe de seu território e zona de influência.
Nós não temos nada para ganhar no Direito Internacional Público
(DIP), ao endossar discursos dissimulados dos Estados Unidos e da União
Europeia.
Destaca-se o fato que a Ucrânia proibiu brasileiros de
servirem como voluntários em suas forças de defesa justamente por
considerar o Brasil um aliado da Rússia e exigir do Brasil um posicionamento
mais firme contra a Rússia que não irá ocorrer.
É importante frisar que os Estados Unidos e a União Europeia – que
hoje condenam a operação militar russa, sob o argumento de violação da
soberania da Ucrânia – já ameaçaram o Brasil com sanções por causa da Amazônia,
chegando ao ponto de o presidente francês (Macron) defender a
internacionalização da Amazônia na ONU.
Também não podemos esquecer que Vladimir Putin já se
manifestou em nível internacional na defesa do Brasil, no que tange a soberania
brasileira sobre a Amazônia e não devemos apunhalar um aliado pelas costas.
Além do mais, não há perspectivas de vitória da Ucrânia sobre a
Rússia, muito antes pelo contrário!
A continuação desse conflito só irá gerar mais mortes e
destruição da infraestrutura da Ucrânia e, portanto, a melhor alternativa para a
Ucrânia é a rendição e o Brasil deve ter esse discurso no cenário
internacional.
De certa forma, a proibição da Ucrânia aos brasileiros que
queriam lutar em suas defesas foi positiva para o Brasil, pois primeiramente
evitará mortes e incidentes diplomáticos com brasileiros no conflito, e em
segundo lugar porque deixou bem claro como na prática a Ucrânia e os demais
países enxergam o Brasil, que é com desconfiança.
E nós brasileiros não devemos ser aliados daqueles que
desconfiam de nosso país.
Temos anseios pela paz, mas a paz só virá muitas vezes com
medidas duras e a paz hoje passa pela rendição da Ucrânia e de sua
desmilitarização.
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