ENTREVISTA COM SILVIO NAVARRO
Traçando uma linha reta e clara sobre o labirinto da política nacional
O Portal Tribuna Diária
tem o privilégio de entrevistar o jornalista Silvio Navarro, à frente de
grandes veículos da imprensa brasileira nas últimas duas décadas e atualmente editor
executivo da revista Oeste.
Acompanhou os principais acontecimentos
do país, traçando uma linha reta e clara sobre o labirinto político nacional, no
livro de sua autoria, Celso Daniel: Política, corrupção e morte no
coração do PT.
Tribuna Diária: Conte-nos quem é Silvio Navarro, como foi o pequeno
Silvio e como acha que aquele menino enxergava o mundo, até colocá-lo no mundo
do jornalismo.
Silvio Navarro: Sou um cara, sobretudo, de muita sorte. Tenho uma
família maravilhosa e prezo muito pelo que a "família" representa.
Meus pais sempre zelaram por educação, caráter, respeito e trabalho
(meritocracia). São valores inegociáveis. Quando criança, além da paixão pelo
futebol (como qualquer garoto), queria ser policial ou servir às Forças
Armadas. Mas também sempre gostei muito de livros e, consequentemente, de
escrever. Como tinha o hábito de ler jornais desde cedo, fui encorajado por
professores a prestar concursos de redação desde os 14 anos. Entrei na
universidade aos 17 anos para cursar jornalismo e, simultaneamente, fui
aprovado em História. Optei pela comunicação porque eu queria mesmo era
trabalhar na redação de um jornal.
Tribuna Diária: Conte como foi seu início na carreira do jornalismo? Já
existia essa veia esquerdista dentro da profissão?
Silvio Navarro: Fiz estágios em rádio e TV aos 18 e 19 anos e, com 20
anos, era repórter do jornal Folha de
S.Paulo antes mesmo de concluir a faculdade. Passei quase 13 anos na Folha, em São Paulo e na Sucursal de
Brasília. Depois, foram seis anos como editor da Veja, até chegar à Jovem Pan.
Atualmente, sou comentarista da RedeTV e escrevo para a Revista Oeste e o jornal O Liberal e apresento o programa
dominical "62 minutos" (YouTube e TV Jovem Pan). Também estou
trabalhando num novo livro, mas o tema ainda não posso revelar…
Esquerdistas
na profissão? Nossa! É raro encontrar um jornalista – ou em qualquer curso de
Humanas – que não seja. A doutrinação começa na universidade, principalmente
nas públicas. Quem descreve isso muito bem é o advogado e radialista americano
Ben Shapiro no livro "Lavagem Cerebral". No passado, essa veia
canhota era disfarçada nas redações.
Hoje está escancarada. Havia regras de conduta (Manual de Redação) e
alguma vanguarda na Veja e no Estadão. Não existe mais.
Tribuna Diária: Em meados de 2002, se depara com um caso de assassinato
que anos mais tarde o levaria a publicar o livro “Celso Daniel, Politica,
Corrupção e morte no coração do PT”, nessa ocasião, já era possível detectar
que o Pt era a quadrilha que conhecemos? e quando se deparou com Celso Daniel
morto, imaginou a história que tinha por trás deste corpo?
Silvio Navarro: A corrupção na Prefeitura de Santo André era conhecida e
o Ministério Público estava no encalço da administração. Celso Daniel era conivente
com o assalto aos cofres públicos pela "causa" – o roubo altruísta. A
causa, hoje se sabe, era o projeto de poder de Lula e José Dirceu que deu certo
naquele ano de 2002. Celso Daniel, coordenador da campanha, ficou pelo caminho.
O esquema de corrupção de Santo André foi o ovo da serpente do Mensalão e do Petrolão.
É importante lembrar que em setembro de 2001, meses antes, outro prefeito do PT
fora assassinado a tiros: Toninho, em Campinas. Era tudo muito estranho.
Tribuna Diária: Ainda dentro deste universo do Livro, como foi esse
processo de investigação? (confesso que até hoje me arrepio com as informações
contidas no livro)
Silvio Navarro: Em janeiro de 2012, escrevi uma reportagem sobre os 10
anos da morte do Celso Daniel e como o fantasma dele ainda assombrava o PT.
Revisitei reportagens de colegas e as minhas próprias. E terminei o texto com
uma certeza: isso é um thriller policial, uma novela. A partir daí, foram 4
anos até o lançamento do livro. Centenas de entrevistas em ON e OFF, mas hoje
avalio que o grande mérito do livro foi ter contado quem eram os personagens (a
quadrilha da Favela Pantanal, por exemplo), visitado lugares onde nem a polícia
foi e esmiuçado documentos em busca de lacunas – e exposto algumas delas que
nunca foram preenchidas. Foram inúmeras noites em claro.
Tribuna Diária: Quando publicado o livro em 2016, em se tratando dos
personagens, não chegou a temer pela sua própria vida ou de seus familiares?
Levando em consideração o destino final de todos os personagens contido na
trama
Silvio Navarro: Em alguns momentos, sim. Mas era preciso deixar esse
caso documentado para que essa história nunca mais nos aconteça.
Tribuna Diária:
Depois de publicado este livro em 2016,
com todas as informações contidas no livro, imaginou estar vivendo esse cenário
que estamos hoje? Ou seja, o PT mesmo fora do poder está dando todas as cartas,
com o judiciário totalmente aparelhado e com o Lula mesmo depois de condenado
ser o principal nome (ou não) nas eleições?
Silvio Navarro: É inacreditável, mas todo esse cenário só reforça a tese
de que o PT só permaneceu no poder porque montou um consórcio: empresários,
juízes, base parlamentar comprada e imprensa. Quem financiou parte disso foi o
cidadão pagador de impostos. Depois da eleição de 2018, esse consórcio entendeu
que era preciso tirar Lula da cadeia para tentar impedir que Bolsonaro
governasse por oito anos. O Judiciário fez a sua parte, a imprensa está fazendo
a dela. O jogo é pesado, mas acho que não vão conseguir. Resta o Supremo
Tribunal Federal (STF) e o seu puxadinho chamado TSE. É a última cartada.
Tribuna Diária: Atualmente você está na bancada do Opinião no Ar, com o
Lacombe, além de escrever para a revista Oeste e O Liberal, estes três meios de
comunicação assim como outras poucas alternativas que dão voz a pessoas de
cunho conservador e liberal, como você enxerga esse meio de informação como
negócio? acredita que exista uma demanda reprimida e não abastecida? Se sim,
qual o caminho para atingir esse amplo mercado?
Silvio Navarro: São raros os veículos que não se dobraram ao consórcio.
Somos poucos jornalistas de direita hoje no Brasil, mas somos barulhentos. E
ainda acredito que representamos a maioria da população. É claro que há espaço
para novas vozes – fico feliz cada vez que alguém se arrisca a defender esses
valores abertamente. As redes sociais mudaram a forma de comunicação com o
público. A velha imprensa ficou para trás e quando pensou em se atualizar
resolveu ouvir a militância de esquerda. Pegou o caminho errado. A crise
financeira, o fim de grandes publicações, o fiasco das tiragens e audiência na
internet falam por si.
Tribuna Diária: Acredita em guerra cultural?
Silvio Navarro: Claro. Ela está aí todos os dias. Enxergo até um lado
positivo nela. O problema é que a esquerda sempre achou que detém o monopólio
da verdade. Esse é o problema! Se o presidente Bolsonaro for reeleito, o Brasil
vai sentir isso na pele.
Tribuna Diária: Falando em Guerra, como acredita que serão essas
eleições de 2022?
Silvio Navarro: Já acreditei que seria o mais duro embate entre esquerda e direita desde a redemocratização do país. Mas mudei de ideia. A esquerda está enfraquecida, desorganizada e refém de um candidato ultrapassado, rancoroso e o viço de outrora. Contudo, será a eleição mais judicializada da história. É aí que mora o perigo para a democracia.
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